domingo, 5 de outubro de 2008

Guardador de Rebanho


A Criança Eterna acompanha-me sempre.



A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.



O meu ouvido atento alegremente a todos os sons



São as cócegas que ela me faz, brincando, nas orelhas.




Damo-nos tão bem um com o outro



Na companhia de tudo



Que nunca pensamos um no outro,



Mas vivemos juntos e dois



Com um acordo íntimo



Como a mão direita e a esquerda.




Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas



No degrau da porta de casa,



Graves como convém a um deus e a um poeta,



E como se cada pedra



Fosse todo um universo



E fosse por isso um grande perigo para ela



Deixá-la cair no chão.(...)






(Alberto Caeiro)

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