domingo, 12 de abril de 2009


Vai com o vento meu pensamento,
Vai eternamente e deixai-me só.

Vai some dos meus olhos,
Parte de mim silenciosamente,
Que por dentro sou tão carente.

Vai e cruza o céu,
O celeste infinito que não posso alcançar,
Mas não me deixe mais a chorar,
Por entre as nuvens e esse véu.

Vai que eu vou resistir,
Em tantas preces a minha dor,
Como um guerreiro e a sua espada,
Buscar a esperança que você roubou.

*Rodrigo Cézar Limeira*

Louca...
Queria ser louca
só por um dia
por um momento
e num instante
em desvario
te encontrar
queria ser louca
só por um dia
e fazer tudo
que não faria
se fosse sã...
Queria ser louca
ir ao teu encontro
sem nada temer
sem nada a perder
sem nada pensar
cair em teus braços
e dessa loucura
jamais despertar...
*Ariadna Garibaldi*

Faço menos planos e cultivo menos recordações.
Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço.
Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve,
alcanço seus limites com as mãos,
é nele que me instalo e vivo com a integridade possível.
Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio:
tudo é provisório, inclusive nós.

*Martha Medeiros*

Porque a voz dele me toca feito as mãos
e as mãos dele me envolvem feito fábulas.
E as duas, quando passeiam em mim
desabotoam minhas mais
mal-comportadas
palavras.

*Marla de Queiroz*

EM
TUA
DIREÇÃO...

AS
VELAS
DO
MEU
BARCO
SEGUEM
TEUS
VENTOS
NÃO
PRECISO
DE
LEME...
NEM
BUSSULA
...BASTA-ME
FECHAR
OS
OLHOS
E
NAVEGAR...
A.d

Almas


Gosto desse seu amor largado
No meu coração.
É ternura branda sussurrando
Doces sentimentos que faz o
Olhar perder-se no tempo...
Pensar em você é cura de
Todas as solidões.
É o peito aquecido
Por sensações
De aconchego, de paz.
É quase um murmúrio
Da eternidade revelando
Encontro de almas
Que sempre se amaram.


*Cida Luz*



Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.

Eugenio de Andrade

Aquele jeito que você me olhou,
varreu meu pensamento.

Todas as coisas saíram do chão,
e eu, me esqueci de tudo...
E antes que eu me desse conta,
já era seu o meu querer.
Foi como o sol que desponta,
uma montanha dourada, na terra do faz de conta,
prá me banhar de prazer.
Você foi tão distante... e eu quero tanto te ver.
Por isso, não se espante se numa noite bela,
aquela estrela brilhante, em sua janela bater!



*Vander Lee*


Entre olho e coração um pacto distinto,
Bem servir um ao outro deve agora.
Quando para ver-te o olho está faminto,
Ou a suspirar de amor o coração se afoga,
O olhar desfruta o retrato de meu amor,
E o coração ao banquete figurado
Convida. De outra vez, ao imaginado amor
O olhar a tomar parte é convidado.
Assim, por meu amor ou tua imagem,
És sempre presente ainda que distante,
Pois não podes do pensar ir mais além
Se estou com ele em ti a todo instante.
Se adormecem, tua imagem na minha visão
Desperta ao deleite vista e coração.

SHAKESPEARE....
"O amor é lindo.
Ele muda de rumo
faz perder o prumo
procura o infindo.
Faz querer conquistar o mundo
quando muda,
quando os gêmeos se sentem
e tocam suas alma
mesmo que seja por um segundo."
*A.D*



Passavas devagar,
Como se fosses, sem coragem,
Fazer, a contra gosto, uma viagem,
À falta de razão por que parar.
A tua sombra-recortou-se no meu chão,
Alongou-se em forma e tempo,
Ganhou corpo, ganhou voz.
E, desde então,
Aguardamos o momento
Em que o sol, a pino, sobre nós,
Reduza as nossas sombras a um ponto,
Por ser tão certo e estreito o nosso encontro,
Que nem em sombra,
voltaremos a estar sós"
A.D

"Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido"

*Jean Rostand*

Amor, que o Gesto Humano na Alma Escreve

Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.

Luís de Camões