sábado, 19 de dezembro de 2009

Há um tempo em que é preciso abandonar


as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo,

e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre


aos mesmos lugares.

É o tempo da travessia,

e se não ousarmos fazê-la

teremos ficado para sempre,

à margem de nós mesmos.

(Fernando Teixeira de Andrade)

Ai! Pobre coração!


Assim vazio

E frio

Sem guardar a lembrança de um amor!

Nada em teus seio os dias hão deixado!...

É fado?

Nem relíquias de um sonho encantador?

.

Não frio coração! É que na terra

Ninguém te abriu...

Nada teu seio encerra!

O vácuo apenas queres tu conter!

Não te faltam suspiros delirantes,

nem lágrimas de afeto verdadeiro...

É que nem mesmo — o oceano inteiro —

Poderia te encher!...

.

*Castro Alves*