segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Espere-me sem chorar!
Espere-me sem chorar!
Pedi ao céu que te olhe por mim
falei com a lua, estrelas e sol
também pedi ao mar
eles cuidarão de ti...
A cada despedida,
a cada viagem
me preocupo contigo.
Eu conheço suas dores
toda sua carência
preocupo-me com você...
Leia bons livros, assista filmes
pense em mim, mas não sofra!
Sabe de meu amor por ti.
pense que cada retorno
é um recomeço
nós nos amamos ainda mais.
O tempo passa rápido
logo estarei voltando...
Espere-me sem chorar!
(Joe Luigi)
Também este crepúsculo nós perdemos.
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caia sobre o mundo.
Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.
Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.
Eu recordava-te com a alma apertada
para essa tristeza que tu me conheces.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
Quando me sinto triste, e te sinto tão longe?
Caiu o livro em que sempre pegamos ao crepúsculo
e como um cão frio rodou a minha capa aos pés.
Sempre, sempre te afastas pela tarde
para onde o crepúsculo corre apagando estátuas.
Pablo Neruda
VESTES DE ESPERANÇA
Quero lavar minha alma empoeirada
na gratuidade e leveza da água corrente.
Pintar de riscos e compassos
novos sentimentos...
Me desnudar de antigas vestes escuras
e me cobrir de um verde esperança.
Nascer no peito fome do novo...
Bater na porta de entrada da vida
e arranhar suas paredes
até o seu abrir derradeiro.
Jogar chamas de crença nos sonhos
incendiando de realidade boa
meus dias de pesadelo.
Quero um vento que corte meus vis pensamentos
e uma rede para pescar nova ilusão.
Pois sei que vivo a sete palmos da alegria
pois pressentida e perto me perfuma.
Quero o fogo dessa sensação
queimando as entranhas do meu ser.
Quero que o pó engula o pranto
e a solidão se esfole viva...
Quero as graças da alegria
se aflorando em mim.
E o arrepio e emoção de um novo amor
leve e livre sentido
...tecido fio a fio.
Rosy Moreira
À HORA EM QUE OS CISNES CANTAM...
Nem palavras de adeus, nem gestos de abandono.
Nenhuma explicação. Silêncio. Morte. Ausência.
O ópio do luar banhando os meus olhos de sono...
Benevolência. Inconseqüência. Inexistência.
Paz dos que não têm fé, nem carinho, nem dono...
Todo o perdão divino e a divina clemência!
Oiro que cai dos céus pelos frios do outono...
Esmola que faz bem... — nem gestos, nem violência...
Nem palavras. Nem choro. A mudez. Pensativas
abstrações. Vão temor de saber. Lento, lento
volver de olhos, em torno, augurais e espectrais...
Todas as negações. Todas as negativas.
Ódio? Amor? Ele? Tu? Sim? Não? Riso? Lamento?
— Nenhum mais. Ninguém mais. Nada mais. Nunca mais...
CECÍLIA MEIRELES
A foz
E se cada um deles desaguasse na mesma foz...
Esta não teria senão o tamanho de uma bacia bem pequenina na qual eu refresco os meus cansados pés.
Os rios seriam tão curtos quanto a minha felicidade, tão estreitos quanto a minha existência, tão secos quanto a minha solidão.
Mas talvez, talvez bem no fundo da bacia, talvez para lá das lágrimas turvas, e para que eu me possa orgulhar, talvez sorriam dois peixinhos, que eu, apesar da distância possa contemplar! E quem sabe...
Uma flor se incline e faça nascer, na foz uma flor que eu possa colher!
*a.d*
*a.d*
Existe um lugar
- um passarinho me contou -
onde os seres habitam
impunemente felizes
suas tocas, suas casas.
Seria em que floresta,
em que memória encantada
em qual inaudito planeta,
ou esfera mais abençoada?
- Em que lugar,
diz-me pássaro escuso,
preciso saber,
para que eu junte no bico
minhas imprescindíveis ervas,
minhas malas
e, como tu,
eu me adeque aos ventos,
e bata definitivamente as asas.
*Fernando Campanella*
Eu sou apenas uma flor
Que mora no meio dos sonhos
E que dorme ao ninar de um sorriso;
Que acorda encantada com os pássaros
E que admira uma bela poesia;
Que finge ser forte, ás vezes
E que pede um colo quando não dá mais...
Que canta a música da amizade
E que escuta o barulho da chuva;
Que acredita numa palavra amiga
E que sofre demais com a indiferença;
Que vê beleza num olhar
E que verdadeiramente se esforça
Para aprender a amar...
*a.d*
Da Certidão de Nascer
Nasci onde?
Nasci onde geografia se faz de sentimento.
Ali nasço.
Ali nasço ainda.
Cada manhã.
Em cada manhã de medo.
Arremedo.
Degredo a degredo.
Em cada impulso, incompetência.
Na eterna e suave ironia do destino
de mais sentir que saber.
De saber
apenas sei
de quantas palavras
se faz a canoa de afetos.
Embora caminhe torto
por sonhos retos.
Muito aprendi
da palavra engolida em seco.
E da palavra abatida
por palavras de equívoco
e sutis alvenarias de cinismo.
Permaneço aqui
mesmo assim.
Nasço onde geografia se faz de sentimento.
Entre principio e fim de mundo.
Aurora a aurora.
Segundo a segundo.
(Lindolf Bell)
Amar-te em silêncio
E ver a vida ir embora,
Sem ao menos tocar,
A alma que por ti chora.
Queria, nesta vida, ainda,
Ouvir, próximo, tua pulsação.
Enlaçar-me ao teu corpo,
Acariciar-te com minha mão.
Levar-te todo este amor, teu,
Que vive preso, aqui colado.
Nasceu do pouso do olhar seu,
Fez-me eterno apaixonado.
Você é a maçã daquele jardim
Que a história fez louvor.
Vivo este sonho no silêncio,
Esperançoso do teu amor.
Amar-te nesta quietude do dia,
E ver a vida passar em tédio,
Longe de você, do seu amor:
E ter a saudade como remédio!
Estrelas que te buscam...
Olho a noite estrelada
E pergunto
Onde está você?
As estrelas sussurram-me
Mas o vento
Não me permite entender...
Será que você
Pergunta a elas sobre mim?
Ah! Meu amor...
Se você soubesse
Como meu coração
Chama por você.
Quanta vontade
de seus beijos
e o desejo de sentir
novamente seu toque
Nesse meu devaneio...
Sonho que elas dizem
que eu penso em ti
e vivo a te esperar
Nessa noite fria...
As estrelas continuam
a me sussurrar.
Mas o vento dançou em minha frente
E foi embora levando
Consigo as palavras
Não entendi...
Meu coração chorou
Onde esta você meu amor?
Maria Bonfá
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