quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O Tigre


Foi em vão que esperaste, loucamente, essa hora do tigre desregrada que te rasgasse o fundo de ti próprio.
Foi em vão que, sofrendo, imaginas te essa hora do tigre que inventasse o gesto de uma audácia ainda pura.
Foi em vão que, sonhando, construíste uma hora do tigre que salvasse de misérias, insídias, de traições,das emboscadas torpes e fatais.
Soltaste, ainda em vão, o voo da águia que fosse além de todas as montanhas e nas assas do vento abandonasse a secreta flor do teu destino.
Estavas preso entre nós, desamparado,numa angústia sem margens que perdia suas próprias raízes.
Só o extremo de tudo te bastavana mais larga ambição de liberdade, harpa de um sonho, som de violino,ou asa do rigor de uma palavra.
Abriste cada gesto, em tempestade, aos mistérios da luz despovoados. O mundo num poema e em cada verso o secreto sabor da madrugada.
Foi na hora do tigre que ensinaste a épica altivez de ser vencido e num último voo ainda ousaste o gesto de ir mais longe.
* do livro " Nenhum Lugar e Sempre *

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